As paratiróides são pequenas glândulas localizadas no pescoço, normalmente aderentes à face posterior da tiroide.

Produzem a hormona paratiroideia (PTH), que atua em diversos órgãos, como o osso, rim e intestino e serve para regular o cálcio do organismo.

A doença mais comum é o hiperparatiroidismo, que pode ser primário, secundário e terciário.

O hiperparatiroidismo primário é a causa mais frequente do aumento de cálcio no sangue e pode causar alterações graves, como osteoporose, fraturas ósseas, arritmias e litíase (pedras) nos rins.

A remoção da paratiróide (paratiroidectomia) é a única forma de tratamento curativa do HPT primário, quando efetuada por cirurgiões experientes.

Aqui poderá encontrar as respostas às questões mais frequente, em linguagem fácil de compreender.

Quando as paratiroides estão doentes e aumentadas de tamanho.

Na maioria dos casos é só uma glândula que está atingida (hiperparatiroidismo primário).

Em outras situações, mais do que uma glândula pode estar atingida.

A cirurgia é o único tratamento curativo e tem por objetivo remover a, ou as glândulas afetadas, de modo a melhorar a qualidade de vida dos doentes.

 

Existem medicamentos que ajudam a controlar a doença, mas, habitualmente, o seu benefício é temporário e não controlam totalmente o funcionamento exagerado da glândula paratiroide.

Além dos exames de sangue, radiografia aos pulmões e Eletrocardiograma (habituais em todos as cirurgias), é necessário fazer também uma ecografia cervical e um cintilograma (cintigrafia) com sestamibi, para localizar a glândula aumentada de tamanho. 

Em alguns casos, pode ainda ser pedida uma TAC 4D ou um PET scan, que poderão permitir uma melhor localização da glândula a remover.

A cirurgia é feita sob anestesia geral e existem 2 tipos de cirurgia:

Exploração bilateral

Através de uma incisão no pescoço com cerca de 5 a 7 cm, que tem a vantagem de permitir avaliar as 4 paratiroides (hoje poucas vezes necessária)

Exploração dirigida (mini-invasiva)

Realizada através de uma incisão com menos de 3 cm, usada sobretudo quando a doença é só de uma glândula que está bem identificada nos exames pré-operatórios.

Abordagem extracervical (sem cicatriz no pescoço)

À semelhança da abordagem dirigida e apesar de não se poder considerar mini-invasiva, pode ser usada quando a doença é só de uma glândula bem identificada, sendo realizada através de uma ou mais incisões longe do pescoço.

Se toma medicação habitual, deve informar o seu médico, principalmente se toma medicamentos para o sangue, como por exemplo aspirina ou clopidogrel, ou algum anticoagulante, como varfarina (Varfine) ou de segundo geração como Apixabano.

Depende da técnica cirúrgica e da gravidade da doença.

Apesar da maioria dos doentes poderem ser operados em Cirurgia de Ambulatório (com alta no próprio dia, ou com uma noite de internamento e alta em menos de 24h), haverá outros que necessitam de ficar internados durante alguns dias.

O seu cirurgião endócrino poderá informá-lo em função do seu caso concreto.

Habitualmente, no momento da alta será aconselhado pelo seu Médico e/ou Enfermeiro responsável.

Se foi usada cola biológica, não leva penso e pode tomar banho sem esfregar a ferida operatória. Não necessita cuidados de penso e não deve aplicar qualquer creme sobre a ferida nos primeiros 15 dias. 

Se a ferida operatória foi suturada com um fio, alguns são reabsorvidos pelo organismo e não necessitam ser retirados, enquanto outros serão retirados ao fim de alguns dias (o seu médico informá-lo-á). 

A ferida deverá depois ser massajada com um creme hidratante e podem também ser-lhe indicados cremes para ajudar na cicatrização e/ou outros com silicone, para ajudar a tornar a cicatriz operatória o mais imperceptível possível.

O uso de protetor solar (ecrã total) e evitar a exposição direta ao sol, são dois cuidados fundamentais durante os primeiros meses após a cirurgia.

A cirurgia da paratiroide é geralmente um procedimento seguro e o pós-operatório é habitualmente muito bom e sem dor significativa.

É natural haver algum mal-estar na região da cicatriz cirúrgica, que passa habitualmente com o analgésico prescrito pelo seu cirurgião no momento da alta.

Pode comer e beber normalmente, sem nenhuma restrição. Podendo existir algum desconforto inicial ao engolir, normalmente desaparecerá em poucos dias.

Normalmente não há restrições absolutas à condução automóvel, mas deverá evitar fazê-lo durante a primeira semana após a cirurgia. 

As complicações deste tipo de cirurgia são raras e, portanto, a maioria dos doentes não tem qualquer tipo de complicação. No entanto, como em qualquer procedimento cirúrgico, existe sempre algum risco e por isso é importante falar com o seu médico e esclarecer todas as suas dúvidas.

A complicação mais frequente deste tipo de cirurgia é a hipocalcémia, ou seja, os níveis de cálcio no sangue podem baixar.  Esta complicação é habitualmente temporária e acontece enquanto o organismo recupera o controle dos níveis do cálcio no organismo.

Em algumas situações, dependendo da gravidade da doença e da extensão da cirurgia realizada, o doente poderá ter alta com indicação para tomar pastilhas de cálcio, para tentar evitar esta situação.

As principais queixas e sinais de alarme, são sentir formigueiros nos lábios, nos dedos das mãos ou pés. Se tal acontecer, deverá entrar em contacto com o seu cirurgião, pois poderá ser necessário fazer análises ao sangue para confirmar os níveis de cálcio e possivelmente aumentar a dose de cálcio que está a tomar.

Podem surgir alterações da voz, pois os nervos que enervam e controlam o movimento das cordas vocais (nervos laríngeos inferiores ou recorrentes) passam muito perto e por vezes aderentes às glândulas paratiroides.

Medindo cerca de 1mm de diâmetro, ou menos, e sendo altamente sensíveis, pequenos traumatismos a que seja sujeito, podem fazer com que a voz fique rouca e/ou mais fraca. 

Apesar de muito rara, esta complicação é habitualmente de recuperação rápida, mas pode demorar semanas ou meses. Pode, inclusive, ser necessário fazer terapia da fala, para que esta recuperação seja mais rápida.

Outras complicações possíveis são a hemorragia e a infecção, mas são ainda mais raras.

O regresso ao trabalho depende do tipo de trabalho e do tipo de cirurgia que fez, pelo que o seu cirurgião deverá ser questionado em relação à sua situação particular.

De modo geral, se for um trabalho sem grande esforço físico, poderá reiniciar a sua atividade profissional após uma a 2 semanas. Se for um emprego que exija maior força físico, deverá recuperar mais um pouco e reiniciar após cerca de 3 a 4 semanas.